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Atualizado: 11 de ago.

Ao respirar o ar profundamente ou ao apenas observar o ambiente natural ao nosso redor, somos capazes de construir uma sensação de pertencimento e esse sentimento é capaz de trazer paz e calma. Esquecemos de problemas que nos envolvem no dia a dia e conseguimos nos sentir tranquilos, vivendo apenas aquele momento.


Essa sensação de conexão tem um nome: Biofilia.  O conceito de Biofilia, criado por Wilson (1984), ressalta que o ser humano tem necessidades profundas de contato com a natureza, isso de forma biológica, devido a nossa formação em ambientes naturais e não artificiais. Mas de toda forma, estudos apontam que o laço genético não é o suficiente e que requer um aprendizado cultural com vivências na natureza para estimular a tendência de biofilia (KELLERT, 2012).


De acordo com Louv (2016) “O contato com ambientes naturais é um remédio sem contra indicação, e a “Vitamina N” (de natureza) é uma receita completa para se conectar com o poder e a alegria do mundo natural”. Essa busca por reconexão com a natureza teve um aumento significativo após a pandemia do COVID-19, em que as pessoas saíam de ambientes fechados, suscetíveis a doenças psicológicas em busca de espaços capazes de proporcionar sensação de bem estar físico e emocional (SILVA-MELO 2020).


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Registro: Lorrane Coelho

Imagem: Parque Estadual Serra do Mar - Núcleo Padre Dória, Salesópolis/ SP


A partir desse vínculo, a Educação Ambiental (EA) vem como um ponto essencial no uso de metodologias, com o poder de ser uma ponte para a compreensão e respeito do meio ambiente, englobando uma rede de relações, não apenas naturais, mas também sociais e culturais (CARVALHO, 2018). Podemos também traduzir a EA como a busca da  construção de conhecimentos, ao desenvolvimento de habilidades, atitudes e valores sociais, ao cuidado com a comunidade de vida, a justiça e a equidade socioambiental, e a proteção do meio ambiente natural e construído. (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, Art. 3º).


Umas das ramificações da EA que vem ganhando força é a observação de aves, que traz para a prática o conteúdo de inúmeros documentários, filmes, livros e artigos. Por meio dessa prática é possível realizar uma imersão na natureza, trazendo percepções críticas referente ao meio em que estamos inseridos (SILVA, 2015). Além de ser uma atividade ecoturística que envolve participantes de todas as idades, auxiliando em diversas questões de sustentabilidade (ALVES, 2020). O diretor  e biólogo do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO), José Fernando Pacheco, ressalta que “a observação cria uma relação de respeito e harmonia com a natureza". Há um despertar dos sentidos, não apenas para as aves, mas para o hábitat em que elas vivem”. 


A observação de aves vem como um diferencial pedagógico que possibilita várias abordagens de forma multidisciplinar. A escolha das aves para a prática de observação vem devido sua diversa expansão territorial e variedade de espécies. Elas ocorrem em qualquer ambiente e em todas as estações do ano, além de serem um elemento relevante em diversos ecossistemas servindo também de bioindicadores (COSTA,2007).


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Registro: Lorrane Coelho

Imagem: Parque Estadual Serra do Mar - Núcleo Padre Dória, Salesópolis/ SP


Levando esses dados em consideração, o Instituto Suinã estabeleceu parceria com a SAVE Brasil e muitas outras instituições, para o planejamento do evento Avistando e, desde 2022, os encontros vêm ganhando cada vez mais força na região do Vale do Paraíba, Alto Tietê e Litoral Norte.


Em 2023 contamos com a participação de 9 prefeituras municipais, sendo elas: Salesópolis, Caraguatatuba, Jacareí, Mogi das Cruzes, Santa Branca, Guararema, São José dos Campos e os distritos de São Francisco Xavier e Lagoinha. Contamos também com o envolvimento de 14 instituições além do Instituto Suinã, são elas: SAVE Brasil, Associação Colibri, companhia Suzano, SESC Mogi, Assentamento Egídio Brunetto I, Parques Estaduais da Serra do Mar - Núcleo Padre Dória e Caraguatatuba, os parques urbanos Viveiro Municipal Seo Moura, Parque Vicentina Aranha, NEA Ilha Grande,  Museu da Energia de Salesópolis, Parque dos Pássaros,  Sítio Corujinha e Sítio Macuquinho.


Durante os encontros foram realizadas palestras e oficinas e as trilhas sempre contaram com a orientação de especialistas na área. Esse acompanhamento foi essencial, pois forneceu informações adicionais aos participantes e facilitou uma troca mais rica de experiências e conhecimentos. O processo de identificação das espécies avistadas foi de maneira coletiva e registrado em listas no aplicativo eBird, que colabora na construção da ciência cidadã, sendo uma estratégia e oportunidade para promoção de vínculo com a natureza e seus elementos, comprometimento com sua proteção, aprimoramento e democratização do conhecimento (MAMEDE, BENITES & ALHO,2017).


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Registro: Paolo Oliveira

Imagem: Parque Estadual Serra do Mar - Núcleo Padre Dória, Salesópolis/ SP


Ao longo de nossas atividades, realizamos um total de 13 encontros em áreas verdes, parques urbanos e unidades de conservação nos 9 municípios e distritos participantes. Esses eventos contaram com a participação de 279 observadoras e observadores de aves, resultando no avistamento de 661 indivíduos de 200 espécies diferentes.


Estamos imensamente gratificadas pelos resultados alcançados nesta edição, que contou com o ampliação de encontros em 116% e um notável aumento na participação, com um impressionante crescimento de 187%. Este acréscimo de encontros e presença dos participantes teve um impacto direto na diversidade avistada, com um aumento de 125% na quantidade de espécies registradas.


O Avistando tem como objetivo sensibilizar a população envolvida, incentivando um olhar mais amplo para o meio em que vivem e uma maior proximidade com nossa biodiversidade. Ao promover um olhar mais crítico e sensível, buscamos estimular a busca por alternativas que estabeleçam o equilíbrio em ambientes impactados pela ação antrópica, abordando questões nos âmbitos socioambiental, político e econômico.


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Registro: Lorrane Coelho

Imagem: Viveiro, Jacareí / SP


Autora: 

Laura Oliveira, graduanda em Biologia, adentrando nesse novo mundo do terceiro setor, atuante em projetos de Educação ambiental e Educomunicação.


Co-autora:

Lorrane Coelho é caiçara, bióloga e entusiasta pela educação na transformação da relação entre ser humano e natureza. Pós-graduanda em Educação Ambiental e Sustentabilidade.


Referências

ALVES, Kaylla Lemes; FONSECA FILHO, Ricardo Eustáquio. Observação de aves e educação ambiental: percepções de alunos de escola pública, Uberlândia/MG. TURYDES: Revista sobre Turismo y Desarrollo local sostenible, v. 13, n. 28, p. 349-361, 2020.


CARVALHO, I. C. M. Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico. São Paulo: Cortez, 2018.


DA SILVA-MELO, Marta Regina; DE MELO, Gleidson André Pereira; GUEDES, Neiva Maria Robaldo. Unidades de Conservação: uma reconexão com a natureza, pós COVID-19. Revista Brasileira de Educação Ambiental (RevBEA), v. 15, n. 4, p. 347-360, 2020.


DE ANDRADE COSTA, Ronaldo Gonçalves. Observação de aves como ferramenta didática para educação ambiental. Revista Didática Sistêmica, v. 6, p. 33-44, 2007.


LOUV, R. A última criança na natureza: resgatando nossas crianças do transtorno do deficit de natureza. São Paulo: Aquariana; 2016.


MAMEDE, Simone; BENITES, Maristela; ALHO, Cleber José Rodrigues. Ciência cidadã e sua contribuição na proteção e conservação da biodiversidade na reserva da biosfera do Pantanal. Revista Brasileira de Educação Ambiental (RevBEA), v. 12, n. 4, p. 153-164, 2017.


VIEIRA-DA-ROCHA, M.C.; MOLIN, T. A aceitação da observação de aves como ferramenta didática no ensino formal. Atualidades Ornitológicas On-line, n. 146, p. 33-37, 2008.


KELLERT, S. Birthright: People and Nature in the Modern World. Yale University Press, 2012.


WILSON, E. O. Biophilia. Boston: Harvard University Press, 1984. 157p.

 
 
 

Atualmente, as mudanças climáticas configuram o maior desafio em escala global. As flutuações nas condições atmosféricas são naturais, contudo, as temperaturas têm aumentado drasticamente nos últimos 150 anos, o que representa uma “anomalia climática” (Bala, 2013). Portanto, alguns pesquisadores consideram o quadro como uma emergência climática, ocasionada pela poluição atmosférica produzida. 


Poluição atmosférica é qualquer alteração nas propriedades químicas, físicas ou biológicas da atmosfera que tem impactos nocivos à saúde e aos ecossistemas, e são causadas por diversas atividades (Mano et  al.,  2005). Os principais poluentes considerados “gases do efeito estufa” são: material particulado, monóxido de carbono (CO), dióxido de sulfato (SO2), óxidos de nitrogênio (NOx), ozônio (O3), metais pesados (chumbo, mercúrio) e compostos orgânicos voláteis (Santos et al., 2019).


A poluição atmosférica não é causada apenas por ações antropogênicas, uma vez que vulcões expelem grandes quantidades de CO, H2S e SO2, animais em decomposição emitem metano, incêndios liberam material particulado e tempestades de areia diminuem a qualidade do ar (Aguiar, 2009). Contudo, a poluição antropogênica tem alterado profundamente a composição química da atmosfera. Assim, podemos dizer que todo o progresso humano ocorreu às custas do empobrecimento do meio ambiente (Alves, 2022).


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Imagem: Parque das Neblinas, Bertioga/SP


A população em geral tem sido bastante afetada pela poluição atmosférica, sendo os idosos e crianças os mais atingidos (Santos et al., 2019). Além do mais, cerca de 7 milhões de pessoas por ano falecem, e 100 milhões ficam temporariamente incapacitadas, devido a doenças relacionadas à poluição atmosférica (OMS, 2015).

Outro ponto de extrema relevância é a velocidade da mudança na temperatura atual, que está entre 5 e 10 vezes maior do que nos últimos 65 milhões de anos. Se diminuirmos as emissões globais de gases de efeito estufa em 8% por ano, pelos próximos 30 anos, chegaremos em 2050 com um nível de emissões equivalente a 4,5 bilhões de toneladas de CO2 (Barreto, 2020).


A velocidade da alteração da temperatura e o aumento dos níveis de C02 estão intimamente interligados com eventos climáticos extremos, tornando-se mais comuns, como enchentes, estiagens, furacões e tornados, o que gera consequências em todos os organismos. Diante desse contexto, há necessidade de ações urgentes por parte dos órgãos governamentais e da sociedade civil (Moraes, 2007).


Dentro dessa perspectiva, o Brasil, sendo detentor de um rico território natural, entra como um ator central na mitigação da emergência climática. Isso devido ao país ser um dos mais importantes estoques de carbono florestal, possuir a maior biodiversidade planetária e ser o terceiro maior reservatório de água doce do mundo (Chefer & Soares, 2019).   


Contudo, o Brasil possui suas emissões de carbono e poluição principalmente vinculadas à mudança no uso do solo e queima de florestas, ou seja, especificamente o desmatamento é a causa mais relevante no país. Nesse sentido, o reflorestamento, que ainda é pouco desenvolvido no país, deveria ser mais intensificado, configurando uma importante peça do quebra-cabeça climático (Chefer & Soares, 2019; Calmon, 2021).


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Imagem: Parque das Neblinas, Bertioga/SP


As florestas são imprescindíveis no combate à ebulição global, uma vez que absorvem e configuram estoques de carbono em vida (Pinto et al., 2008). Os fluxos de carbono na atmosfera são principalmente controlados pelas plantas, por meio da fotossíntese (absorção) e da respiração (emissão) (Centro Clima, 2017). Florestas dispostas globalmente podem reservar 289 Gt de carbono em sua biomassa, diversificando essa capacidade de armazenamento conforme o bioma em que se encontra (Chefer & Soares, 2019).


Em especial as florestas tropicais, como a Mata Atlântica, presente no sudeste do país, possuem a maior capacidade de estocagem de carbono. Desse modo, a preservação das florestas e a restauração ecológica se fazem necessárias na mitigação de mudanças climáticas, e ainda protegem o solo, a qualidade da água e a biodiversidade, que proveem serviços ecossistêmicos (Chefer & Soares, 2019; Calmon, 2021). 


Dentro deste contexto, os serviços ecossistêmicos são fundamentais para a segurança hídrica e alimentar, e podem gerar retorno econômico, como é feito através de políticas públicas, como o programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Ainda, os serviços ecossistêmicos ajudam na manutenção das florestas, e consequentemente, nos processos naturais de captura e sequestro de carbono (Pinto et al., 2008;  Chefer & Soares, 2019). 


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Imagem: Parque das Neblinas, Bertioga/SP


O Instituto Suinã realiza projetos de restauração ecológica no Vale do Paraíba e na região em parceria com produtores rurais. Uma ação que impacta e influencia direta e positivamente nas emergências climáticas, especialmente se tratando do bioma Mata Atlântica.  


Um desses projetos é o diagnóstico socioambiental e restauração ecológica da sub-bacia do Quatro Ribeiras em Jacareí/SP, a fim de mobilizar e sensibilizar os proprietários de terras a conservarem os recursos hídricos por meio de melhorias ambientais em suas propriedades. 


O referido projeto possui o objetivo de reflorestar 33 hectares, com recurso advindo da instância econômico-financeira do Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SIGRH), o Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO), regulamentado pelo Decreto Estadual nº 48.896/2004.


Referências

Aguiar, L. V. (2009). Neutralização compensatória de carbono: estudo de caso em uma indústria do setor metal-mecânico.


Alves, J. E. D. (2022). Crescimento demoeconômico no Antropoceno e negacionismo demográfico. Liinc em Revista, 18(1), e5942-e5942.


Bala, G., (2013). Digesting 400 ppm for global mean CO2 concentration. Current Science, 104 (11). 1471-1472.


Barreto, E. S. (2020). Crise climática e o Green New Deal: uma primeira aproximação crítica. Revista Fim do Mundo, (02), 75-91.


Calmon, M. (2021). Restauração de florestas e paisagens em larga escala: o Brasil na liderança global. Ciência e Cultura, 73(1), 44-48.


Chefer, B. F., & Soares, I. M. D. M. (2019). Análise do potencial de absorção de CO2 pela restauração florestal no estado do Rio de Janeiro e sua importância frente às crise climáticas.


Gelain, A. J. L., Lorenzett, D. B., Neuhaus, M., & Rizzatti, C. B. (2012). Desmatamento no Brasil: um problema ambiental. Revista Capital Científico-Eletrônica (RCCҽ)-ISSN 2177-4153, 10(1).


Mano, E. B., Pacheco, É. B. A. V., & Bonelli, C. M. C. (2005). Meio ambiente, poluição e reciclagem. Edgard Blücher.


Mendonça, F., & Danni-Oliveira, I. M. (2017). Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. Oficina de textos.


Moraes, M. D. (2007). Estimativa do balanço hídrico na bacia experimental/representativa de Santa Maria/Cambiocó–Município de São José de Ubá-RJ. Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ.


OMS. (2015). Climate and Health Country Profile - 2015: Brazil. World Health Organization and United Nations Framework Convention on Climate Change. Geneva, p. 8.


PP Pinto, E. (2008). Perguntas e respostas sobre aquecimento global. IPAM.


Santos, H. L., Fialho, M. L., Reis, K. P., Franco, M. V., & Oliveira, R. B. D. (2019). Relação entre poluentes atmosféricos e suas consequências para a saúde. Revista Científica Intr@ ciência, 17, 01-24.


Autoras:

Alessandra Souza: Bióloga e apaixonada por todas as formas de vida. Aspirante a ornitóloga, atua em defesa da vida por meio de projetos socioambientais, envolvendo a conservação e manejo da biodiversidade.


Bruna Campos: Bióloga que luta por justiça socioambiental e educação libertadora e acessível. Amante de sapos e do funcionamento da vida. Atua em projetos socioambientais, como conservação e manejo da biodiversidade.

 
 
 

Ao vivenciar a natureza, estimulamos a percepção das conexões naturais de cada indivíduo. Esse estímulo é transformador e é a base para a estruturação dos projetos de educação socioambiental conduzidos pelo Instituto Suinã. 


Os impactos da relação ser humano e ambiente natural formam o fio condutor para a proposta do Projeto Quatro Ribeiras, que tem como foco a restauração ecológica das áreas de preservação permanente

(APP´s) em propriedades localizadas na sub-bacia do córrego Quatro Ribeiras, buscando restabelecer as funções ecossistêmicas e realizar a manutenção do nosso bem natural mais precioso, a água.

Com isso acreditamos que para um bom projeto de restauração não basta apenas ter mudas de árvores nativas cercadas por um bom alambrado e fios de arame farpados, crescendo ao entorno de um corpo hídrico.


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Para a efetividade desse importantíssimo processo, se faz necessária a transformação e mudança de atitude da comunidade local, onde a comunidade esteja integrada e sensibilizada sobre as questões ambientais, podendo culminar na mudança cultural por parte dos indivíduos (Vieira et al., 2022). 

Por este motivo, esse artigo destaca os resultados da etapa de educação ambiental do Projeto: Diagnóstico Socioambiental da Sub-Bacia do Córrego Quatro Ribeiras (SBCQR), realizado no município de Jacareí, SP. O córrego é afluente direto do rio Paraíba do Sul e contribui significativamente para o sistema de captação principal do município, responsável pelo abastecimento de cerca de 80% da população de Jacareí, SP, sendo esta uma sub-bacia prioritária para conservação no município.


As ações desta etapa foram realizadas em duas escolas municipais e em uma escola estadual localizadas na SBCQR. A estrutura pedagógica do projeto contemplou formações presenciais e vivências com as seguintes temáticas: restauração e serviços ecossistêmicos, bens hídricos, mobilização social e políticas públicas. Utilizou-se também como base as políticas internacionais alinhadas aos dilemas globais vividos no mundo, incluindo os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para as abordagens de contextualização da sub-bacia e sua importância para produção de água e segurança hídrica do município. 

Dentro desta perspectiva, o objetivo deste projeto foi  estabelecer um processo de aprendizagem que fosse participativo, gerador de autonomia e de grande potencial transformador, encurtando a distância entre o educador, estudante e a natureza.


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Os encontros e vivências realizadas resultaram na formação e mobilização de 97 educadoras e educadores, estimulando a sensibilização ambiental para os seus mais de 2.400 estudantes. Adotar abordagens participativas incita as populações locais, especialmente as que habitam regiões próximas aos bens naturais a se envolverem com as questões ambientais, auxiliando no processo de conservação (Pádua et al., 2002; Benites & Mamede, 2008).


A Educação Ambiental é um processo permanente nos quais os envolvidos e a comunidade são sensibilizados e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornam capacitados para a percepção e resolução de problemas ambientais de seu entorno. 


Os dados e relatos coletados durante as avaliações do projeto revelaram que, após a formação, 89% dos educadores passaram a reconhecer problemáticas ambientais que impactam a qualidade e produtividade dos bens hídricos nos arredores das escolas. E, após a realização de plantio de mudas nativas, foi constatado que 49% destes educadores não haviam plantado uma árvore anteriormente. 


Ainda, 100% dos educadores concordam que através dos processos de mobilização social, seria possível reverter cenários negativos perante as questões socioambientais, bem como 78% afirmaram que a formação auxiliou no desenvolvimento de atividades relacionadas às questões ambientais trabalhadas em sala de aula, evidenciando a importância da educação ambiental e do trabalho em conjunto na sensibilização e resolução de conflitos socioambientais.


Entendendo a necessidade de apropriação e sensibilização dos educadores diante dos temas centrais da restauração ecológica e a importância da adoção de novas posturas, hábitos e atitudes socioambientais, os participante exercem a sua cidadania, que fundamentalmente, depende de uma ética integral de respeito à vida, a todos os seres vivos e a natureza que somos.


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A sensibilização da comunidade residente em um determinado território é fundamental, por possibilitar a aproximação das temáticas de impacto socioambiental e consequentemente a importância do local em que vivem. Uma vez que a comunidade escolar esteja engajada, ela pode dar continuidade e se manter com o olhar cuidadoso às necessidades no município e de seus munícipes, fomentando e intervindo, especificamente, em ações que contribuam para um desenvolvimento territorial sustentável e a conservação dos bens hídricos. 


Um dos afazeres mais significativos da prática educativo-crítica, segundo Freire (1997) , é propiciar as condições em que os educandos ensaiem a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como agente de transformação e incentivador de sonhos. Indicando a importância da observação e reflexão para que, através delas, possamos encontrar nossa ligação com o ambiente e, assim, ao nos enxergarmos nele, reavaliarmos nossas atitudes e porventura, transformá-las.


As experiências deste projeto, como as suas trocas, relatos das educadoras sobre as vivências e seus desdobramentos foram as melhores colheitas que nós, enquanto instituição, podemos ter, sendo um contexto de aprendizagem, para além do que se poderia definir apenas como instrumento metodológico. As práticas instigaram o poder do envolvimento das/os participantes em ações que favorecem o cumprimento de políticas públicas de proteção ambiental, tendo como pressuposto a ressignificação da importância de se permanecer comprometido consigo mesmo e com o meio em que estamos inseridos.


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O Instituto Suinã, em todas suas ações, visa a contribuição para uma sociedade mais justa e sustentável. Com isso entendemos que a nossa conexão com o meio é uma das ferramentas mais importantes de sensibilização.


Referências: 

Benites M, Mamede S B (2008). Mamíferos e aves como instrumentos de educação e conservação ambiental em corredores de biodiversidade do Cerrado, Brasil. Mastozoología neotropical, v. 15, n. 2, p. 261-271.


Freire, P (1997) Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.


PADUA, Suzana Machado; SÁ, Lais Mourão. O papel da Educação Ambiental nas mudanças paradigmáticas da atualidade. Revista Paranaense de Desenvolvimento, n. 102, p. 71-83, 2002.


Vieira P S J et al (2022). Educação inclusiva e formação de professores: o caso de uma escola pública no estado de Goiás. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, v. 5, n. 10, p. 77-90.


Autora: Lorrane Coelho é caiçara, bióloga e entusiasta pela educação na transformação da relação ser humano e natureza. Pós-graduanda em Educação Ambiental e Sustentabilidade.


Co-autora: Alessandra Souza é bióloga e apaixonada por todas as formas vidas. Aspirante a ornitóloga, atua em defesa da vida por meio de projetos socioambientais, envolvendo a conservação e manejo da biodiversidade.


 
 
 

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