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Ao vivenciar a natureza, estimulamos a percepção das conexões naturais de cada indivíduo. Esse estímulo é transformador e é a base para a estruturação dos projetos de educação socioambiental conduzidos pelo Instituto Suinã. 


Os impactos da relação ser humano e ambiente natural formam o fio condutor para a proposta do Projeto Quatro Ribeiras, que tem como foco a restauração ecológica das áreas de preservação permanente

(APP´s) em propriedades localizadas na sub-bacia do córrego Quatro Ribeiras, buscando restabelecer as funções ecossistêmicas e realizar a manutenção do nosso bem natural mais precioso, a água.

Com isso acreditamos que para um bom projeto de restauração não basta apenas ter mudas de árvores nativas cercadas por um bom alambrado e fios de arame farpados, crescendo ao entorno de um corpo hídrico.


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Para a efetividade desse importantíssimo processo, se faz necessária a transformação e mudança de atitude da comunidade local, onde a comunidade esteja integrada e sensibilizada sobre as questões ambientais, podendo culminar na mudança cultural por parte dos indivíduos (Vieira et al., 2022). 

Por este motivo, esse artigo destaca os resultados da etapa de educação ambiental do Projeto: Diagnóstico Socioambiental da Sub-Bacia do Córrego Quatro Ribeiras (SBCQR), realizado no município de Jacareí, SP. O córrego é afluente direto do rio Paraíba do Sul e contribui significativamente para o sistema de captação principal do município, responsável pelo abastecimento de cerca de 80% da população de Jacareí, SP, sendo esta uma sub-bacia prioritária para conservação no município.


As ações desta etapa foram realizadas em duas escolas municipais e em uma escola estadual localizadas na SBCQR. A estrutura pedagógica do projeto contemplou formações presenciais e vivências com as seguintes temáticas: restauração e serviços ecossistêmicos, bens hídricos, mobilização social e políticas públicas. Utilizou-se também como base as políticas internacionais alinhadas aos dilemas globais vividos no mundo, incluindo os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para as abordagens de contextualização da sub-bacia e sua importância para produção de água e segurança hídrica do município. 

Dentro desta perspectiva, o objetivo deste projeto foi  estabelecer um processo de aprendizagem que fosse participativo, gerador de autonomia e de grande potencial transformador, encurtando a distância entre o educador, estudante e a natureza.


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Os encontros e vivências realizadas resultaram na formação e mobilização de 97 educadoras e educadores, estimulando a sensibilização ambiental para os seus mais de 2.400 estudantes. Adotar abordagens participativas incita as populações locais, especialmente as que habitam regiões próximas aos bens naturais a se envolverem com as questões ambientais, auxiliando no processo de conservação (Pádua et al., 2002; Benites & Mamede, 2008).


A Educação Ambiental é um processo permanente nos quais os envolvidos e a comunidade são sensibilizados e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornam capacitados para a percepção e resolução de problemas ambientais de seu entorno. 


Os dados e relatos coletados durante as avaliações do projeto revelaram que, após a formação, 89% dos educadores passaram a reconhecer problemáticas ambientais que impactam a qualidade e produtividade dos bens hídricos nos arredores das escolas. E, após a realização de plantio de mudas nativas, foi constatado que 49% destes educadores não haviam plantado uma árvore anteriormente. 


Ainda, 100% dos educadores concordam que através dos processos de mobilização social, seria possível reverter cenários negativos perante as questões socioambientais, bem como 78% afirmaram que a formação auxiliou no desenvolvimento de atividades relacionadas às questões ambientais trabalhadas em sala de aula, evidenciando a importância da educação ambiental e do trabalho em conjunto na sensibilização e resolução de conflitos socioambientais.


Entendendo a necessidade de apropriação e sensibilização dos educadores diante dos temas centrais da restauração ecológica e a importância da adoção de novas posturas, hábitos e atitudes socioambientais, os participante exercem a sua cidadania, que fundamentalmente, depende de uma ética integral de respeito à vida, a todos os seres vivos e a natureza que somos.


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A sensibilização da comunidade residente em um determinado território é fundamental, por possibilitar a aproximação das temáticas de impacto socioambiental e consequentemente a importância do local em que vivem. Uma vez que a comunidade escolar esteja engajada, ela pode dar continuidade e se manter com o olhar cuidadoso às necessidades no município e de seus munícipes, fomentando e intervindo, especificamente, em ações que contribuam para um desenvolvimento territorial sustentável e a conservação dos bens hídricos. 


Um dos afazeres mais significativos da prática educativo-crítica, segundo Freire (1997) , é propiciar as condições em que os educandos ensaiem a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como agente de transformação e incentivador de sonhos. Indicando a importância da observação e reflexão para que, através delas, possamos encontrar nossa ligação com o ambiente e, assim, ao nos enxergarmos nele, reavaliarmos nossas atitudes e porventura, transformá-las.


As experiências deste projeto, como as suas trocas, relatos das educadoras sobre as vivências e seus desdobramentos foram as melhores colheitas que nós, enquanto instituição, podemos ter, sendo um contexto de aprendizagem, para além do que se poderia definir apenas como instrumento metodológico. As práticas instigaram o poder do envolvimento das/os participantes em ações que favorecem o cumprimento de políticas públicas de proteção ambiental, tendo como pressuposto a ressignificação da importância de se permanecer comprometido consigo mesmo e com o meio em que estamos inseridos.


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O Instituto Suinã, em todas suas ações, visa a contribuição para uma sociedade mais justa e sustentável. Com isso entendemos que a nossa conexão com o meio é uma das ferramentas mais importantes de sensibilização.


Referências: 

Benites M, Mamede S B (2008). Mamíferos e aves como instrumentos de educação e conservação ambiental em corredores de biodiversidade do Cerrado, Brasil. Mastozoología neotropical, v. 15, n. 2, p. 261-271.


Freire, P (1997) Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.


PADUA, Suzana Machado; SÁ, Lais Mourão. O papel da Educação Ambiental nas mudanças paradigmáticas da atualidade. Revista Paranaense de Desenvolvimento, n. 102, p. 71-83, 2002.


Vieira P S J et al (2022). Educação inclusiva e formação de professores: o caso de uma escola pública no estado de Goiás. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, v. 5, n. 10, p. 77-90.


Autora: Lorrane Coelho é caiçara, bióloga e entusiasta pela educação na transformação da relação ser humano e natureza. Pós-graduanda em Educação Ambiental e Sustentabilidade.


Co-autora: Alessandra Souza é bióloga e apaixonada por todas as formas vidas. Aspirante a ornitóloga, atua em defesa da vida por meio de projetos socioambientais, envolvendo a conservação e manejo da biodiversidade.


 
 
 

O Terceiro Setor é composto por diferentes tipos de organizações sem fins lucrativos que prestam serviços de interesse público e desenvolvimento socioambiental. De acordo com Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE), esse segmento é composto em sua maioria por mulheres com 62% de presença, sendo que 51% em cargo de liderança.

 

Há dez anos, quando fundávamos o Instituto Suinã, não imaginávamos que faríamos parte dessa estatística. O Suinã idealizado e fundado por 5 biólogas, nascendo como uma representação da força atuante de mulheres em espaços ocupados majoritariamente por homens: meio acadêmico, científico, órgãos e colegiados, espaços onde há tomada de decisão.


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Imagem: Suinã (Erythrina speciosa) | Fonte: Instituto Suinã


Todo o processo de estruturação da organização, elaboração do estatuto, definição de propósito foi materializado por meio de um grande esforço que, coincidência ou não, foi registrado em ata no dia 8 de março de 2014.

 

Refletir sobre essa trajetória e todos os obstáculos enfrentados ao longo desse tempo é um marco especialmente nesse ano em que temos essa dupla comemoração: Dia das Mulheres no ano em que completamos 10 anos!

 

Nessa busca para a transição para uma sociedade mais justa e sustentável, reconhecemos a espécie humana como semelhante a todas as outras formas de vida. Consideramos que a manutenção das riquezas naturais e dos processos ecológicos é o respiro que permite a existência das mais diversas formas de vida no nosso planeta. Nos nutrimos dos pequenos avanços e vitórias para seguirmos nos inspirando ao longo dos desafios em direção ao fortalecimento individual e coletivo para harmonização das relações para consigo, para com outros espaços e seres vivos e, consequentemente, com o planeta.

 

Acreditamos nos processos que considerem os diferentes saberes e olhares; as legítimas

reivindicações; nos diálogos onde haja respeito, escuta e contemplação das nossas diferenças e desta forma, na junção das diferenças, nos complementamos; lutamos e ansiamos pela justiça ambiental que promova a inclusão social e qualidade de vida aos diversos grupos sociais.

 

A busca de novos padrões de produção, consumo e transformações das estruturas no comportamento da sociedade é o caminho para seguirmos nos apoiando. E nesse processo, o que fazemos em nossos projetos reflete dentro da instituição e vice-versa. Ficamos orgulhosas em dizer que nossa equipe é composta por 79% de mulheres, 100% de nossa liderança é feminina, incentivamos o aperfeiçoamento profissional e acadêmico de nossa equipe e lutamos para que haja valorização do recurso humano no Terceiro Setor.

 

Que possamos continuar nesse caminho dando a mão a mais mulheres por onde andamos!


Vida longa ao Suinã!!

 

Referências citadas no texto:

Toro, J. B. & Werneck, N. M. D. F. Mobilização Social: um modo de construir a democracia e a participação, 1996.

 

 

Autora: Fernanda Scalambrino é mineira, silvicultora e bióloga. Especialista em Educação Ambiental e Transição para Sociedades Sustentáveis. MBA em ESG. desenvolve projetos de conservação da biodiversidade, educação ambiental e mobilização social. Cofundadora e Diretora Institucional do Instituto Suinã

 

Co-autora: Maria de Fátima de Oliveira é Bióloga, Mestre em Ciências Florestais, Especialista em Conservação e Manejo de Vida Silvestre, MBA em Restauração e Adequação Ambiental. É Cofundadora e Diretora Técnica do Instituto Suinã.

 
 
 

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Imagem: Oficina de percepção com a sociedade | Fonte: Acervo (Instituto Suinã)


A ocupação humana já retirou mais de 80% do que havia de Mata Atlântica no Brasil desde a chegada dos europeus a essa terra e no bioma Mata Atlântica vive cerca de 72% da população brasileira, que recebe, muitas vezes sem saber, serviços ecossistêmicos inestimáveis dos remanescentes de floresta deste bioma. Ou seja, a Mata Atlântica contribui no fornecimento de água, regula o clima, conserva a biodiversidade entre outros benefícios para nós, humanos, e para uma infinidade de outros seres vivos.


Devido a sua importância e grau de ameaça, a Mata Atlântica foi protegida por uma lei federal específica, a Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428/2006), que dispõe sobre a utilização e proteção da sua vegetação nativa e abriu a possibilidade de os municípios atuarem na implementação da Lei por meio dos Planos Municipais de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica (PMMA).


Neste contexto surge o projeto “Planos da Mata”, uma iniciativa da SOS Mata Atlântica com o apoio da Suzano Celulose, que tem o intuito de fortalecer a governança dos municípios para a proteção e uso sustentável da Mata Atlântica em seus territórios, aliando desenvolvimento econômico e social, por meio da elaboração dos Planos Municipais da Mata Atlântica (PMMA).


Diversas Organizações da Sociedade Civil (OSCs) locais/regionais e Prefeituras, no âmbito de seus Conselhos Municipais de Meio Ambiente, estão atuando para a construção participativa e posterior monitoramento da implementação do instrumento do PMMA. O projeto abrange hoje 33 municípios nos estados do Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais e São Paulo e o Instituto Suinã é responsável por coordenar a elaboração do PMMA em 4 cidades no estado de São Paulo, sendo elas Guararema, Jacareí, Salesópolis e Santa Branca.


Recentemente, o Instituto Suinã concluiu mais uma série de oficinas entre as quatro cidades de sua responsabilidade, realizando agora as Oficinas de Diagnóstico, que trouxeram os panoramas atuais das cidades, com seus atributos naturais, somados aos elementos trazidos pela população nas oficinas anteriores. Apareceram nos apontamentos das quatro cidades considerações comuns à região, como a necessidade de proteção de áreas sensíveis, com a criação de Unidades de Conservação ou outros mecanismos, a necessidade de maior fiscalização, a percepção da importância da floresta para o clima nas cidades, para água de qualidade e para a conservação da biodiversidade.


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Imagem: Oficina de percepção com estudantes | Fonte: Acervo (Instituto Suinã)


O processo segue aberto para sugestões e apontamentos ainda até o início de setembro. Mais contribuições para as cidades de Guararema, Jacareí, Salesópolis ou Santa Branca podem ser enviadas pelo e-mail contato@institutosuina.org ou pelas mídias sociais do Instituto Suinã.


Caso você ainda não tenha respondido ao questionário de Percepção Ambiental de sua cidade, ainda dá tempo:


Para GUARAREMA:


Para JACAREÍ:


Para SALESÓPOLIS:


Para SANTA BRANCA:


Para saber mais sobre o Planos da Mata e o Instituto Suinã, acesse www.pmma.etc.br e www.institutosuina.org


 
 
 

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