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Foto do escritorSuinã Instituto Socioambiental

A importância das áreas verdes para a manutenção de serviços ecossistêmicos

Vivemos em um sistema dinâmico, em constante troca de energias e interações, onde todos os seres vivos, desde micro-organismos até a fauna e flora silvestres, incluindo a espécie humana, estão interligados. Esse conjunto de relações e trocas caracteriza o que chamamos de ecossistema. Segundo Alho  (2012), a biodiversidade é um componente essencial desse sistema, representando a variedade e variabilidade dos seres vivos e suas interações com o meio ambiente. 


Cada organismo desempenha um papel específico, contribuindo para o equilíbrio e funcionamento do ecossistema como um todo. Essa perspectiva nos lembra da importância de preservar e compreender as interações ecológicas, pois o bem-estar de um componente afeta diretamente todos os outros. A manutenção da biodiversidade não só assegura a resiliência dos ecossistemas, mas também a qualidade de vida humana, uma vez que dependemos desses sistemas para recursos essenciais como água, alimento e ar puro.


O ser humano está em constante evolução, trazendo inúmeros benefícios e inovações. No entanto, ao longo dos anos, esquecemos nossa conexão essencial com o meio ambiente e nossa dependência dele. Assim como todos outros seres vivos, necessitamos de ar puro para respirar, água potável para beber e um clima estável para viver (ALHO, 2012).


Imagem 1: Parque Natural Municipal Francisco Affonso de Mello - Mogi das Cruzes / SP

Registro: Instituto Suinã


Apesar de sua expressiva influência em nossas vidas, a biodiversidade está sendo gravemente ameaçada por fatores como a ocupação e o uso inadequado do solo, mudanças climáticas, poluição, exploração direta e a presença de espécies exóticas invasoras (Jornal USP por Gonçalves, 2023). Portanto, é urgente implementar estratégias eficazes para conter a perda de ecossistemas, que avança a cada dia.


As áreas protegidas são territórios especialmente designados e geridos para proteger a fauna, a flora e os bens naturais. Além de fornecerem refúgio seguro para inúmeras espécies, essas áreas desempenham um papel essencial na preservação dos ecossistemas, na manutenção da biodiversidade e no estímulo a pesquisas científicas. Também são fundamentais para a realização de atividades de educação ambiental, contribuindo para a sensibilização e o engajamento da sociedade na proteção do meio ambiente.


Imagem 2: Refúgio de Vida Silvestre do Bicudinho - Guararema / SP. 

Registro: Gustavo Gasparini (Kanindé Audiovisual


As Unidades de Conservação (UCs) têm como objetivo proteger a biodiversidade, assegurar a sustentabilidade dos bens naturais e promover a educação ambiental e a pesquisa científica. Estão divididas em duas categorias:


1. Unidades de Conservação de Proteção Integral

Objetivo: Preservar a natureza, restringindo ao máximo a interferência humana direta e garantindo a conservação dos ecossistemas e da biodiversidade. Existem diferentes categorias de áreas destinadas a esse objetivo, incluindo Estação Ecológica (ESEC), Reserva Biológica (REBIO), Parque Nacional (PARNA), Monumento Natural (MONA) e Refúgio de Vida Silvestre (RVS). Cada uma dessas áreas tem como finalidade a proteção integral de ecossistemas, espécies e elementos naturais, muitas vezes permitindo a realização de pesquisas científicas e, em alguns casos, possibilitando a visitação pública controlada (Imagens 1, 2 e 3). 


Um exemplo dessa categoria é o Refúgio de Vida Silvestre do Bicudinho, localizado em Guararema, uma UC municipal criada para proteger o bicudinho-do-brejo-paulista e que o Instituto Suinã auxiliou na criação e atualmente é responsável pela elaboração do Plano de Manejo da UC, em parceria com a Instituição SAVE Brasil.


2. Unidades de Conservação de Uso Sustentável

Objetivo: Permitir o uso sustentável dos bens naturais, conciliando a conservação ambiental com o desenvolvimento econômico e social das comunidades locais. Existem diferentes categorias de áreas destinadas a esse objetivo, incluindo Reserva Extrativista (RESEX), Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), Área de Proteção Ambiental (APA), Floresta Nacional (FLONA,  Reserva de Fauna (REFAU) e Reserva de Caça (RECA). Além disso, existem áreas verdes sem uma classificação específica, mas que são essenciais para a manutenção da fauna e da flora nos centros urbanos. Cada uma dessas áreas é destinada à proteção dos bens  naturais e à promoção de práticas sustentáveis, adaptando-se às necessidades específicas das populações e ecossistemas locais.


Imagem 3: Parque Estadual Serra do Mar - Núcleo Santa Virgínia. São Luís do Paraitinga/ SP. 

Registro: Gustavo Gasparini (Kanindé Audiovisual)


Além disso, as Unidades de Conservação (UCs) estão diretamente ligadas ao conceito de ambientes restauradores (ULRICH, 1983; da Silva-Melo et al., 2020). Elas proporcionam uma interação positiva com ambientes naturais, promovendo o bem-estar humano ao reduzir o estresse e aliviar o desgaste do cotidiano. Esses espaços oferecem benefícios significativos para a saúde mental e física, ao mesmo tempo em que desempenham papéis cruciais na regulação da qualidade da água, na fertilidade dos solos, no equilíbrio climático, e na manutenção da qualidade do ar. Aumentam o conforto ambiental, a valorização de áreas de convivência social, a valorização econômica das propriedades e a formação de um patrimônio cultural e de memória coletiva. Adicionalmente, servem como base para a produção de medicamentos e oferecem áreas verdes para lazer, educação, cultura, ecoturismo e reflexão espiritual (Lanzas, 2019).


Para além das Unidades de Conservação, existem espaços urbanos que se destacam como áreas verdes e heterogêneas, funcionando como “refúgios” de biodiversidade ao abrigar diversas espécies. Esses parques urbanos são essenciais para a população, pois oferecem múltiplos serviços ecossistêmicos. Estudos sobre biodiversidade em áreas urbanas são, portanto, fundamentais para a conservação desses recursos (Threlfall et al., 2016).


Imagem 4: Viveiro Municipal  - Jacareí / SP 

Registro: Gustavo Gasparini (Kanindé Audiovisual)


O viveiro municipal Seo Moura, uma ilha verde localizada na cidade de Jacareí, onde o Instituto Suinã faz a gestão do uso público aos domingos por meio do Projeto Viver o Viveiro, é um exemplo de área verde dedicada à conservação e manutenção dos ecossistemas, podendo ser considerado um refúgio para a fauna da cidade. Proporciona um habitat seguro para diversas espécies e contribui significativamente para a conservação da biodiversidade local (Imagem 4).


O Instituto Suinã, em colaboração com a Prefeitura Municipal de Jacareí e o Núcleo de Educação Ambiental (NEA) do município, desenvolve atividades de plantio, conservação e sensibilização ambiental, promovendo a conscientização sobre a importância da preservação da natureza. Essas ações são essenciais para integrar a população urbana à dinâmica ambiental, fortalecendo a conexão entre a comunidade e o meio ambiente e garantindo a proteção e valorização dos bens naturais nas regiões urbanas.


A conservação da biodiversidade e a gestão sustentável dos ecossistemas são fundamentais para a vida no planeta. Unidades de Conservação e áreas verdes urbanas são essenciais para integrar a biodiversidade nas cidades, promovendo a sustentabilidade e o bem-estar da comunidade.


Parcerias e ações comunitárias são vitais para fortalecer a conexão entre os seres humanos e a natureza. Manter essas áreas bem conservadas é crucial para garantir que continuem beneficiando a qualidade de vida e a sustentabilidade das comunidades urbanas. Assim, a conservação dessas áreas verdes se torna uma responsabilidade compartilhada, assegurando que as gerações futuras também possam desfrutar dos seus inúmeros benefícios.


Autora:

Bruna Oliveira, residente no Vale do Paraíba, interior de São Paulo, é uma entusiasta pela biodiversidade e pelo estudo dos fungos. Estudante de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, nutre uma profunda paixão pela natureza e suas maravilhas. Atua como Agente Socioambiental do Instituto Suinã.


Co-autoras: 

Laura Oliveira, Bióloga e adentrando nesse novo mundo do terceiro setor, atuante em projetos de Educação ambiental e Educomunicação. Técnica Socioambiental do Instituto Suinã.


Alessandra Souza, bióloga e apaixonada por todas as formas de vida. Aspirante a ecóloga e sua interface com as comunidades humanas, atua em defesa da vida por meio de projetos socioambientais, envolvendo a conservação e manejo da biodiversidade.


Referências

ALHO, Cleber JR. Importância da biodiversidade para a saúde humana: uma perspectiva ecológica. Estudos avançados, v. 26, p. 151-166, 2012. 


ANDREOLI, Cleverson V.; ANDREOLI, Fabiana de Nadai; PICCININI, Cristiane; SANCHES, Andréa da Luz. Biodiversidade: a importância da preservação ambiental para manutenção da riqueza e equilíbrio dos ecossistemas.


AUTORIASCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS. Metrópoles, cobertura vegetal, áreas verdes e saúde. Estudos Avançados, São Paulo, v. 34, n. 99, p. 237-254, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ea/a/79qP5WjNmMPYKCCQK3G78LD/?lang=pt. Acesso em: 31 jul. 2024.


BARROS, Ligia Paes de. Conservação da biodiversidade e áreas protegidas: mundo avança, mas não alcança metas. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ea/a/79qP5WjNmMPYKCCQK3G78LD/?lang=pt. Acesso em: 29 julho 2024.


BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm. Acesso em: 31 jul. 2024.


DA SILVA-MELO, Marta Regina; DE MELO, Gleidson André Pereira; GUEDES, Neiva Maria Robaldo. Unidades de Conservação: uma reconexão com a natureza, pós COVID-19. Revista Brasileira de Educação Ambiental (RevBEA), v. 15, n. 4, p. 347-360, 2020.


LANZAS, Mónica et al. Designing a network of green infrastructure to enhance the conservation value of protected areas and maintain ecosystem services. Science of the Total Environment, v. 651, p. 541-550, 2019.


Potencialidades e desafios das áreas protegidas no Brasil, disponível em: Jornal USP https://jornal.usp.br/?p=649128  


SEMIL - Secretaria Municipal do Meio Ambiente de São Paulo. A importância das unidades de conservação para a qualidade de vida da população. Disponível em: https://semil.sp.gov.br/educacaoambiental/2019/05/a-importancia-das-unidades-de-conservacao-para-a-qualidade-de-vida-da-populacao/. Acesso em: 30 jul. 2024.


THRELFALL, Caragh G. et al. Approaches to urban vegetation management and the impacts on urban bird and bat assemblages. Landscape and Urban Planning, v. 153, p. 28-39, 2016.




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